Por Denise Rocha
Você intervém, mas parece que
seu paciente não segue as orientações? Já ouviu falar no termo “ativação do
paciente”? Sabia que é possível avaliar o nível de ativação do seu
paciente/cliente para saber como as orientações podem ser mais efetivas?
A ativação é um conceito
comportamental que incorpora os elementos como o conhecimento, habilidades e a
confiança que a pessoa tem no gerenciamento de sua saúde. Ela é medida com a
escala Patient Activation Measure® (PAM), que
classifica a ativação em quatro níveis1 e já foi validada para a
utilização no Brasil2. Esta é uma avaliação muito utilizada na
Europa. Já na América, há o predomínio de sua utilização nos Estados Unidos. No
Brasil, até onde sabemos, apenas o estudo que validou a PAM para o contexto
brasileiro utilizou esta escala2. Em nosso grupo de estudo, o GPNUT-T,
está ocorrendo uma pesquisa que avalia a ativação e seus fatores associados nos
pacientes em tratamento hemodialítico e em breve faremos uma publicação sobre
seus resultados.
Temos quatro níveis de ativação
para identificar os pacientes1, são eles:
- Nível 1 de ativação: as pessoas tendem a ser
passivas, além de se sentirem sobrecarregadas para gerenciar sua saúde.
- Nível 2: são pessoas que podem não apresentar
conhecimentos e confiança no gerenciamento de sua própria saúde.
- Nível 3: são pessoas que realizam as atividades
no que diz respeito à sua saúde, entretanto elas podem não possuir confiança e
habilidades que sustentem essas ações;
- Nível 4: são pessoas que adotam os comportamentos necessários à saúde e os mantêm mesmo em períodos de estresse.
E por que utilizar a avaliação da
ativação nos pacientes? Porque há evidências que os pacientes mais ativados
apresentam melhores indicadores clínicos, comportamentos mais saudáveis, como
por exemplo, uma melhor adesão a alimentação orientada pelo nutricionista e
realização de atividade física, uso adequado de medicamentos, maiores chances
de realização de exame preventivo nas mulheres, além de possuírem maior
probabilidade de conhecer e gerenciar o tratamento de saúde e seus efeitos
colaterais3-5.
Além disso, a ativação está
associada à menor taxa de hospitalização, de reinternação e de entradas no serviço
de emergência. Os pacientes ativados tendem a fazer mais perguntas aos
profissionais de saúde, além de gerarem menores custos ao sistema de saúde1,
o que torna a mensuração da ativação uma estratégia interessante a ser
utilizada nos serviços de saúde.
Ao mensurar a ativação do
paciente, nós profissionais de saúde, podemos traçar um plano de cuidados
individualizado, conforme a demanda da pessoa e considerando seus
comportamentos, com o objetivo de auxiliar a pessoa a aumentar e progredir nos
níveis de ativação e desta forma permitir que a mesma desfrute dos benefícios
da alta ativação.
Já pensou nos seus pacientes? Consegue identificar e perceber a necessidade de avaliar seu nível de ativação?
Referências
1 Hibbard J, Gilburt H. Supporting people to manage their health: An introduction to patient activation [Internet. London: The Kings Fund, 2014. https://www.kingsfund.org.uk/sites/default/files/field/field_ publication_file/supporting-people-manage-health-patient-activationmay14.pdf
2.Cunha, CM; da Cunha, DCPT;
Manzato, RO; Nepomuceno, E; da Silva, D; Dantas, RAS. Validation of the Brazilian Version of the Patient
Activation Measure 13. J Nurs Meas.
2019; 27 (1). doi: https://doi.org/10.1891 / 1061-3749.27.1.97
3. Kearns R, Harris Roxas B,
McDonald J, et al. Implementing the Patient Activation Measure (PAM)
in clinical settings for patients with chronic conditions: a scoping review.
Integrated Healthcare Journal 2020;2:e000032. doi:10.1136/ihj-2019-000032
4. Hibbard,
Judith H.; Mahoney, Eldon; Sonet, Ellen. Does patient activation level affect
the cancer patient journey? Patient Education And
Counseling. 2017; 100(7):1276-1279, jul. 2017. Disponível em:
<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28330715>.
5.Greene J, Hibbard JH, Sacks R,
Overton V, Parrotta CD. When patient activation levels change, health outcomes
and costs change, too. Health Aff.
2015; 34 (3): 431-437. doi: https://doi.org/10.1377/hlthaff.2014.0452
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